quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010


Estou de volta a casa. Caminho por entre o silencio das ruas, enquanto o escuro se abate sobre mim e apenas os candeeiros luzidios me podem iluminar os próximos passos.

Aparentemente, hoje, nada me para, nada me destrói. Sou o homem, incauto, que um dia almejou rara façanha e que se sobrepôs á racionalidade, desejando o que lhe fora proibido. Sou o homem que agora se vê obrigado a documentar no papel a sua alma, pois as palavras perseguem-me, cercam-me e impõem-me a sua vontade. Torno-me num caçador de letras que de coração palpitante se faz, sem temores ou receios, ao papel recordando aquele momento.

“Imprudentemente e sem cautela aproximei o meu rosto do teu, sem temer o castigo que viria após o pecado.

- Não! – Replicaste tu de imediato. Mas já era tarde, estávamos próximos demais, era inevitável. Havia mais do que o desejo, havia um passo a ser dado, algo a ser ultrapassado.

Naquele momento fizeste dos meus lábios, teus. Destrui as defesas que durante uma vida construíste, decidi saltar a muralha que um dia me ergueras, sujeito a cair no precipício. Mas estranhamente o que fiz foi multiplicar o ser, sincronizar o respirar, agregar os nossos tecidos e já a cadencia do bombear era igual e agora o sangue fluía na mesma direcção. A metamorfose fora de tal forma profunda que o que acabara, ali mesmo, de viver, não era nem negro nem branco, era incolor, ardente; Foi tão desfasado daquilo que alguma vez imaginei, Inocentemente fui brindado com a mais pura das experiências da vida. O beijo. Transcendi de corpo e de alma.”

Agora que sibilem os ventos, que se adiante o relógio, que a noite passe, porque amanhã voltarei.

Post Scriptum: E de pensar que foi tudo porque suspirei por um quarto de beijo adiado.

3 comentários:

  1. ( ... E de sequer suspeitar que imaginei que uma imensidão de restrinções nos mantia equidistantes... para todo o sempre. Julgava eu de tão enganada que andava, pois como poderia eu adivinhar que o sabor era só tão mais intenso que o agregar de duas paixões? Não era só. Era muito mais...) - Perdi a racionalidade, por ele.

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  2. Vou quebrar as expectativas e anunciar desde já que não pretendo tornar este comentário inesquecível. (já sinto menos um peso nos ombros)

    A pressão é motivo suficiente para fazer cair sobre mim um tremendo peso e, por essa mesma razão, eu ainda não me consegui pronunciar com clareza acerca do ponto de partida. É também, de certo modo, estranho fazê-lo, pois a partir do momento em que deixamos o sangue fluir não existe mais problema algum e a necessidade de escrever diminui. Como para a dor existem mil e uma palavras, para a felicidade julgo não existir nem uma única que a possa descrever fielmente. Por esta mesma razão eu julgo ter deixado trancado num armário o meu dom porque palavra alguma me sai e estou agora, neste momento, a olhar para o ecrã.

    Portanto julgo que me vou reduzir ao comum e ao mais meloso possível, visto que um 'amo-te' não é tão vulgar quanto todos pensam. Peço perdão mas...

    - Estou feliz; fazes-me feliz (e irracional). Amo-te

    Da tua _______ ,
    *

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  3. Não sei que dizer :x
    -As tuas palavras deixam-me sem as minhas!

    O sentimento que depositas nelas é a coisa mais bonita que se pode sentir, a sinceridade do sentimento! **
    --- É tão bom ver-te assim, e saber que estão os dois felizes :D

    (Não sei que dizer, quando encontrar as palavras certas farei um comentário desente)

    *Estarei aqui sempre a apoiar-te, em cada decisão que tomares.. E sabes que podes sempre contar comigo!

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