sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010





Na urgência daquele beijo, atirei-te para trás e logo o meu corpo caiu sobre o teu de forma imensa. Havíamos quebrado barreiras e para nós já nada era segredo.

Estávamos ali, de corpos quentes sobre o pavimento molhado, a contemplar a noite que nos fora oferecida. Aguardando ciosamente por aquele momento, sem sequer suspirar, trocando palavras vagas mas de puro entendimento, sem nos apercebermos dos olhares vadios que ali nos espreitavam, sem tão-pouco nos preocuparmos em ser.

Tudo aquilo era um pouco estranho, a suspensão, o respirar, o teu toque na minha pele, e logo as palavras se tornaram mudas, então peguei nos teus braços e silenciosamente dançamos somente iluminados pelo brilho dos teus olhos e uns quantos candeeiros obsoletos e de parca resplandecência. Até que de repente… Um sorriso, aquele sorriso sempiterno de menina que mascara a sua juventude com a maturidade de uma mulher, um sorriso formoso e simpático, simplesmente utilizado para atiçar o que acabaria por vir segundos depois; O pecado.

Peguei na tua face e movi-a para bem perto de mim ao ponto de os nossos bafejos se cruzarem, e ali, nos lábios nascera o acto de amar, lento e só, intenso e único. Como de nada mais se tratasse ou vivesse, e de certo que naquele momento nada mais existe do que o fulminar do desejo e o próprio acto de amar. Nada mais se ouve, nada mais se sente, nada mais se cheira, são apenas duas pequenas almas que procuram na saliva um do outro, recolher sacio para morrer. Porque eu, quis, quero e quererei morrer desses beijos, nesses lábios, dessa tua pessoa.

PS: Peço-te humildemente - Encosta a cabeça no meu peito e conta-me como o viveste, como o sentiste?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

o dia antes

Sou apenas um homem e desejo ser dono do tempo, pará-lo, volta-lo, vira-lo, apenas arranjar uma forma de te poder conjecturar ao pé de mim, sentir o teu calor. Pois eu estou mudado, não vejo os sons que me rodeiam, não ouço a beleza do mundo, porque o meu corpo elevou-se e a minha alma está vertida em pudor, o meu sangue corre desenfreadamente, o bombear é descontrolado o meu corpo está frio e o desejo começa a rasgar-me, por dentro, vagarosamente a cada minuto que passa.

Agora, na penumbra do meu ser imagino-me a puxar desse véu de seda que ilude os meus sentidos, imagino-me a poder observar a tua beleza tão pura quanto ela é, tão insana como eu a traço.

Shout Out Louds - Impossible

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010


Estou de volta a casa. Caminho por entre o silencio das ruas, enquanto o escuro se abate sobre mim e apenas os candeeiros luzidios me podem iluminar os próximos passos.

Aparentemente, hoje, nada me para, nada me destrói. Sou o homem, incauto, que um dia almejou rara façanha e que se sobrepôs á racionalidade, desejando o que lhe fora proibido. Sou o homem que agora se vê obrigado a documentar no papel a sua alma, pois as palavras perseguem-me, cercam-me e impõem-me a sua vontade. Torno-me num caçador de letras que de coração palpitante se faz, sem temores ou receios, ao papel recordando aquele momento.

“Imprudentemente e sem cautela aproximei o meu rosto do teu, sem temer o castigo que viria após o pecado.

- Não! – Replicaste tu de imediato. Mas já era tarde, estávamos próximos demais, era inevitável. Havia mais do que o desejo, havia um passo a ser dado, algo a ser ultrapassado.

Naquele momento fizeste dos meus lábios, teus. Destrui as defesas que durante uma vida construíste, decidi saltar a muralha que um dia me ergueras, sujeito a cair no precipício. Mas estranhamente o que fiz foi multiplicar o ser, sincronizar o respirar, agregar os nossos tecidos e já a cadencia do bombear era igual e agora o sangue fluía na mesma direcção. A metamorfose fora de tal forma profunda que o que acabara, ali mesmo, de viver, não era nem negro nem branco, era incolor, ardente; Foi tão desfasado daquilo que alguma vez imaginei, Inocentemente fui brindado com a mais pura das experiências da vida. O beijo. Transcendi de corpo e de alma.”

Agora que sibilem os ventos, que se adiante o relógio, que a noite passe, porque amanhã voltarei.

Post Scriptum: E de pensar que foi tudo porque suspirei por um quarto de beijo adiado.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Bat For Lashes - Sad eyes


"foi totalmente deitar a (B)aixo as minhas defesas"

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Reencontro



Desde cedo se adivinhava que aquela não seria apenas mais uma vez. Apercebi-me disso quando olhei para a tua esguia figura, com o cabelo perpetuamente a tapar-te a face ainda fresca da metamorfose a que o teu ser se tinha submetido recentemente. Apenas isso mudara, de resto continuavas igual, perigosamente próxima da perfeição, elegante como sempre.

Aproximei-me, devagar, pois já fazia algum tempo desde a última vez que nos tocamos. No entanto, naquele restolhar hipnotizante dos nossos passos, eu sentia o fervilhar do sangue, que corria de rajada nos nossos corpos fluidos. Sentia o bater daquilo a que os humanos tão inocentemente denominam de coração, e os nossos acompanhavam-se ao segundo. Não havia sinais de alguma vez nos termos separado. Ambos sabíamos que o que queríamos era sentir os braços um do outro. Era o reencontro que qualquer incauto poderia desejar.

Na escassez das palavras encostei o meu corpo ao teu, com força, fora como se os nossos tecidos se agregassem, o nosso respirar se sincronizasse, o teu perfume se inveterasse em mim sem pedir licença. Sussurrei que ainda o sentia e tu também, eu sabia. Afinal, tu estavas ali…Imaculada!

Musica do dia


Damien rice -The Blower's Daughter (para o que se avizinha.)


sábado, 6 de fevereiro de 2010

Dance With Somebody - Mando Diao

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Especificamente dedicado ;) (B. <3)

Primeiro...

A minha mente passeia por entre paisagens melancólicas, sinto-me débil. Já não sinto os cheiros da rua, do mar, da terra molhada, não sinto o toque das gotas de orvalho na minha pele magoada, nem mesmo sinto as lágrimas que me escorrem pelo rosto. Não sinto o gosto das palavras que escrevo ou dos sons que ouço. O que escrevo, não passa de rabiscos.

Agora nas folhas amassadas posso ler e rever a memória daquele momento.

«Numa harmonia hipnótica, num intimismo desconcertante. Os nossos corpos uniram-se e eu senti-me a rebentar pelas costuras quando sobrepus a minha mão no teu peito e conjecturei que o teu coração em batidas secas, mostrava-se vivo, com um compasso acelerado.

Beijei a tua face na ânsia de te acalmar, passei a minha mão nos teus cabelos, segredei-te mas o teu corpo continuava volátil e o teu sangue corria, impiedosamente, no teu corpo alado.

Decidi então dizer-to.

“Amo-te!” Foi um momento de êxtase, facilmente colmatado com um beijo teu.»

Dou por mim a ler isto vezes sem conta. O que me faz questionar o porque de quereres por um ponto final naquilo que construímos, tu não o queres, na verdade, apenas necessitas. Sinto que te estou a perder, no entanto penso que nunca te tive.