sexta-feira, 9 de abril de 2010

Mudança


Quase como se as suaves aguarelas se tivessem transformado em desenhos com marcadores caran d'ache, numa folha alva, eu observava a lenta mudança que em mim se dava. Passara de um burlesco retrato, para um gentleman, um senhor em tudo, no modo de viver, no modo de sorrir, no modo de tratar o próximo. Fora ela, somente ela que me fizera assim, me projectara de tal forma. Aquele ser tão perfeito, tão puro. Aquela Deusa.

Deixem-me falar-vos dela.

Nunca me esqueço daquele momento em que vi o seu reflexo, espelhado na água cristalina do rio, os seus cabelos soltos, castanhos, um castanho de avelã. O olhar ardente. Os seus olhos brilhavam com os raios de sol, aquelas pequenas pérolas faziam da face dela um verdadeiro retrato de brilhantismo, de audácia. Os pequenos lábios davam-lhe um toque de pureza. Enfim, uma Deusa, uma Deusa em tudo. Aquele corpo envolto numa espécie de pano de cetim rosado, algo muito delicado e frágil. Um corpo esculpido com grande precisão não deixava nada a desejar, nada pelo que suplicar. Tão belo ser fez com que a paixão se apoderasse de mim, me possuísse.

A partir daquele momento eu sabia que não era mais eu. Foi o ponto de partida para uma vida melhor, uma vida de renovação, de amor. Uma vida consciente.

E como o fim nos parece, a todos, igual, eu vos digo o caminho também conta, aliás é o que mais conta e de que maneira.



Obrigado por me orientares no meu. <3