Estávamos ali, de corpos quentes sobre o pavimento molhado, a contemplar a noite que nos fora oferecida. Aguardando ciosamente por aquele momento, sem sequer suspirar, trocando palavras vagas mas de puro entendimento, sem nos apercebermos dos olhares vadios que ali nos espreitavam, sem tão-pouco nos preocuparmos em ser.
Tudo aquilo era um pouco estranho, a suspensão, o respirar, o teu toque na minha pele, e logo as palavras se tornaram mudas, então peguei nos teus braços e silenciosamente dançamos somente iluminados pelo brilho dos teus olhos e uns quantos candeeiros obsoletos e de parca resplandecência. Até que de repente… Um sorriso, aquele sorriso sempiterno de menina que mascara a sua juventude com a maturidade de uma mulher, um sorriso formoso e simpático, simplesmente utilizado para atiçar o que acabaria por vir segundos depois; O pecado.
Peguei na tua face e movi-a para bem perto de mim ao ponto de os nossos bafejos se cruzarem, e ali, nos lábios nascera o acto de amar, lento e só, intenso e único. Como de nada mais se tratasse ou vivesse, e de certo que naquele momento nada mais existe do que o fulminar do desejo e o próprio acto de amar. Nada mais se ouve, nada mais se sente, nada mais se cheira, são apenas duas pequenas almas que procuram na saliva um do outro, recolher sacio para morrer. Porque eu, quis, quero e quererei morrer desses beijos, nesses lábios, dessa tua pessoa.