quinta-feira, 10 de junho de 2010

Confissões

Eu: Eu fazia-me de louco, assaltaria o céu, roubava a estrela mais brilhante, colocava-a num fio e dava-ta, para que as pessoas percebam que tu emanas mais brilho e beleza do que qualquer estrela do universo. Arrisco-me a mais, eu consumiria a minha alma. Tudo por amor, isto é, por ti, porque tu és o meu AMOR.

Mas a minha vinda aqui não se trata do eu mas sim de ti. O que farias por AMOR? O que farias por mim?

Ela:

“O que farias por Amor? O que faria por mim?”

Estas são questões ingénuas que surgem com naturalidade nas nossas mãos, esquecendo a complexidade que com elas transportam. Como colocar em palavras os batimentos mais ferozes do meu coração? Como traduzir cada vacilação e rubra circulação do meu sangue para uma folha de papel sem depositar nela uma mancha do meu sangue? E o mais difícil de tudo… como ultrapassar a tentativa de não usar o vocábulo ‘como’? Antes de sequer pensar como me justificar, penso que talvez a letra de uma música possa responder às questões que julgas pertinentes, mas finalmente apercebo-me que talvez nenhuma palavra sozinha ou agrupada tenha a potencialidade que uma melodia pode transmitir aos teus ouvidos. Se calhar não consigo dizer nada… Sou escritora e não te consigo dizer completamente nada. Como te soa?

Deixa-me contestar com um beijo ofegante; deixa-me responder-te com um terno olhar ou um abraço forte e quente. Assim eu saberia dizer-te o que faria por ti.

De mente completamente vazia, num mundo totalmente à parte e num quarto sem paredes vazio, enunciar-te-ei até onde iria. Primeiramente, entregar-te-ia a minha respiração, rondaria o teu corpo com a minha esguia mente de forma quase silenciosa e entregar-te-ia uma das minhas mãos. Muda, conduzir-te-ia vagarosamente até ao meu coração e, com a ponta de uma lâmina rasgada, fincar-me-ia, no meio do meu coração, com esta, trespassando-a de um lado ao outro do meu vulnerável corpo de dançarina e entregar-te-ia o meu vivaz coração nas tuas mãos com o mais puro dos sentimentos; De seguida, beijar-te-ia os teus lábios carnudos, passeando de leve a minha já fraca língua sobre eles. Circundaria os meus braços no meu corpo diante de ti e elevaria o meu hábito ao ar de forma a o lançar no ar, para que voasse com a corrente e revolta do sentimento que emano pelos meus poros. No fim de me absolver de uma pequena fracção do que sou, apagaria a luz que faz de nós dois pecadores e encostaria a minha mão ao teu peito; à tua quente pele que fervilha com a emoção de me observar. Tu, curioso com os meus movimentos, estudarias cada pronunciação pueril que exalasse por entre os meus lábios e questionar-me-ias se terminaria só pró aí. Eu, com a réstia de vida que me sobrava, beijaria os teus lábios com tanta força quanto o meu corpo me permitisse e colocava a tua mão na compacta, incandescente, penosa cavidade onde, em tempos remotos, habitara o meu coração e dizer-te-ia:

- Não, por ti entrego tudo o que de Humano me resta.

Por fim, no preto, ceder-te-ia a minha vida inteira, traduzindo todo o meu Amor num gesto só.

Terno agradecimento: Pequena Sawyer, texto de sua completa autoria. Obrigado B. Amo-te imenso.

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